A estimativa é de que a receita com as vendas externas de carne bovina este ano some US$ 7,284 bilhões, alta de 8,6% em relação a 2013. Em volume, devem totalizar 1,580 milhão de toneladas (considerando carne in natura e industrializada), um aumento de 4,45% na comparação com 2013.
"Não foi possível alcançar US$ 8 bilhões", lamentou Camardelli ontem em encontro com jornalistas. Segundo ele, os embargos de China, Irã, Egito, Arábia Saudita e Japão à carne bovina em decorrência de um caso atípico da doença da "vaca louca" em Mato Grosso afetaram as exportações brasileiras. Os três primeiros países já retiraram as restrições ao produto brasileiro, e a Abiec espera que Arábia Saudita e Japão façam o mesmo em breve.
Com o fim desses embargos, as vendas devem aumentar no próximo ano, avalia a Abiec. "Seguramente vamos bater a receita deste ano em 2015", afirmou Camardelli. A previsão é alcançar uma receita de US$ 8 bilhões no próximo, com um volume de 1,7 milhão de toneladas.
Além da reabertura desses mercados, a expectativa da Abiec é de que, finalmente, o Brasil comece a exportar carne bovina in natura para os Estados Unidos. As eventuais vendas aos EUA, porém, ainda não estão consideradas nas estimativas para o próximo ano, segundo Camardelli.
Ele afirmou que "todos os indicativos políticos dão sustentação à abertura do mercado americano" ao produto brasileiro. Observou que a análise de risco da carne brasileira foi finalizada nos EUA e que não há mais discussão sobre o processo. Além disso, o impacto econômico para os EUA da abertura do mercado ao produto é de menos de 1%, segundo ele. O Brasil deve ter uma cota de 64 mil toneladas ano para exportar, basicamente de carne destinada à produção de industrializados.
Se há otimismo com os EUA, o mesmo não ocorre em relação à Rússia, que está à beira da recessão após as sanções econômicas de EUA, União Europeia, Canadá e Austrália em decorrência da crise geopolítica na Ucrânia e a forte queda dos preços internacionais do petróleo.
Questionado, Camardelli admitiu que deve haver uma queda nos embarques brasileiros de carne bovina à Rússia, que é o segundo maior cliente do país. Ele também disse que é necessário ficar atento ao que vai acontecer com a demanda russa quando suas questões políticas com Ocidente forem resolvidas. Em retaliação às sanções do Ocidente, a Rússia habilitou mais frigoríficos brasileiros a exportar.
A Abiec também apresentou ontem suas expectativas para o abate de bovinos no país em 2015. Usando projeções da Agroconsult, indicou que os abates devem sair de 42,44 milhões de cabeças em 2014 para 42,83 milhões ano que vem. Os números incluem abates formais e informais. Fernando Sampaio, da Abiec, disse que deve haver aumento do peso médio dos animais. Neste ano, os abates caíram em relação aos 43,09 milhões de 2013, reflexo da menor oferta de animais.