Publicado em 15/02/2018 17h02

Bunge vai encerrar operação global de trading

A unidade de açúcar e bioenergia da Bunge registrou prejuízo de US$ 4 milhões no quarto trimestre
Por: Estadão Conteúdo

A Bunge está encerrando sua operação global de trading de açúcar, disse nesta quarta-feira (14/2), o CEO da companhia, Soren Schroder, em teleconferência para discutir os resultados do quarto trimestre de 2017. "É um negócio muito competitivo", afirmou o executivo, acrescentando que a divisão enfrentou dificuldade no último ano para gerar margens de lucro grandes o suficiente para cobrir seus custos operacionais.

A unidade de açúcar e bioenergia da Bunge registrou prejuízo de US$ 4 milhões no quarto trimestre, após uma perda de US$ 53 milhões em igual período do ano anterior. Segundo Schroder, a unidade de açúcar da companhia no Brasil pode continuar fazendo a gestão de seu próprio risco de preço sem a operação global de trading.

A Bunge ainda está estudando opções para seu negócio de açúcar no Brasil, que incluem uma possível venda ou um desmembramento.

Fusões

De acordo com o CEO da Bunge, Soren Schroder, a consolidação não vai resolver sozinha os problemas de tradings de commodities agrícolas. Durante a teleconferência, o executivo não quis comentar as notícias de que Glencore e Archer Daniels Midland (ADM) teriam feito propostas para comprar a Bunge.

Após cinco anos de safras robustas na América do Norte e a perspectiva de outra colheita volumosa na América do Sul, "a rentabilidade é determinada principalmente pelo modo como você opera", e não somente pela escala, disse Schroder. "Todo o setor e nós também estamos tentando nos adaptar a um novo ambiente."

Soja

O executivo disse também que o Brasil poderia suprir a necessidade de soja da China caso o país asiático adote uma posição mais dura em relação ao produto norte-americano. Recentemente, a China iniciou uma investigação para apurar suposta prática de dumping nas exportações de sorgo dos Estados Unidos ao país, após a decisão da administração Trump de impor tarifas sobre as importações norte-americanas de lavadoras de roupas e painéis solares.

Produtores dos EUA temem que a soja também se torne um alvo, já que a China é o maior comprador mundial do grão. Schroder, no entanto, acredita que o bom senso deve prevalecer. "Tendo em vista a importância da soja dos EUA para a China, acho que essa questão pode ser resolvida", disse. "Caso isso não ocorra, temos soja em abundância no Brasil", afirmou, referindo-se à ampla rede de transporte e processamento da Bunge no País.